Não existem diferentes escalas no trauma emocional, mas existem traumas que são mais visíveis, e que provavelmente são reconhecidos de uma forma mais “natural”. Uma criança quando é violentada, abusada, passa uma vida a tentar curar esse trauma. Enquanto adulto sente que esse trauma a marcou, e que a diferenciou. Não é vítima. É um adulto a fazer um trabalho de cura.

Uma criança quando não é vista, quando é negligenciada, quando não tem segurança para crescer na sua essência, quando é diminuída, comparada constantemente, quando lhe é exigido que seja mais, que faça mais, passa anos achar que não tem um trauma emocional, que o seu sentimento de insuficiência, que a sua necessidade de agradar, que a sua dificuldade em receber, em amar, em dar, apenas significam que ela tem algum problema, ou que então ela é assim. Este adulto, demora mais tempo a chegar à consciência que também ele sofreu um trauma, um trauma em que não foi visto ou reconhecido e por isso mesmo andou uma vida toda em dor, a sentir que isso era normal. Este adulto tal como o outro, não é uma vítima, mas sim um adulto a fazer um trabalho de cura.

Estamos partidos internamente, estamos separados, estamos em opostos, e enquanto não reconhecermos a nossa dor interna, a nossa criança vai continuar a sofrer e a tentar mostrar o quanto necessita de ser vista.

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